segunda-feira, 30 de abril de 2012

POEMA DA SEMANA


  • Poema ao Trabalhador

    Em Maio, a terra se revolve em sementes,
    Por tuas mãos calosas,
    E logo serão frutos, cálices, rosas
    Como se de um gesto de anjo
    Florescessem auroras
    Ou anoitecessem poentes

    Em Maio, é de oiro o trabalho
    Multiplicadas as mãos, ao sabor
    Dos arados e das leiras em redor
    As asas volitando em enérgico
    Voo, por sobre os ninhos
    E o perfume eterno do orvalho

    Em Maio, há mãos como em Abril
    Os cravos vermelhos renasceram
    E os olhos o futuro devolveram
    Como campos de trigo para lavrar
    Como livros de cristal por descobrir
    Em páginas de magia e de luar

    São de Maio ou de Setembro
    As tuas mãos de fada, de flor as mãos
    Que tecem rios de luz, eiras de grão
    Ao ritmo das horas de sol a pino
    As rolas nos pinhais a debruar
    O canto e o corpo do seu destino

    Em Maio, não há mais beijo que o pudor
    Verde mais puro que o das maçãs
    Que as mãos desenham pelas manhãs
    Na música líquida por sob as pontes
    Que é de ferro a vontade, a alma de aço
    De veludo o coração trabalhador

    Artur Coimbra

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