Poema ao Trabalhador
Em Maio, a terra se revolve em sementes,
Por tuas
mãos calosas,
E logo serão frutos, cálices, rosas
Como se de um
gesto de anjo
Florescessem auroras
Ou anoitecessem poentes
Em Maio,
é de oiro o trabalho
Multiplicadas as mãos, ao sabor
Dos arados e das
leiras em redor
As asas volitando em enérgico
Voo, por sobre os
ninhos
E o perfume eterno do orvalho
Em Maio, há mãos como em
Abril
Os cravos vermelhos renasceram
E os olhos o futuro
devolveram
Como campos de trigo para lavrar
Como livros de cristal por
descobrir
Em páginas de magia e de luar
São de Maio ou de
Setembro
As tuas mãos de fada, de flor as mãos
Que tecem rios de luz,
eiras de grão
Ao ritmo das horas de sol a pino
As rolas nos pinhais a
debruar
O canto e o corpo do seu destino
Em Maio, não há mais beijo
que o pudor
Verde mais puro que o das maçãs
Que as mãos desenham pelas
manhãs
Na música líquida por sob as pontes
Que é de ferro a vontade, a
alma de aço
De veludo o coração trabalhador
Artur Coimbra
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