A Coroa de Rosas
A fim, oculto amor, de coroar-te,
De adornar tuas tranças luminosas,
Uma coroa teci de brancas rosas,
E fui pelo mundo afora, a procurar-te.
Sem nunca te encontrar, crendo avistar-te
Nas moças que encontrava, donairosas,
Fui-as beijando e fui lhes dando rosas
Da coroa feita com amor e arte.
Trago, de caminhar, os membros lassos,
Acutilam-me os ventos e as geadas,
Já não sei o que são noites serenas…
Sinto que vais chegar, ouço-te os passos,
Mas ai! nas minhas mãos ensanguentadas
Uma coroa de espinhos trago apenas!
Eugénio de Castro
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